domingo, 24 de janeiro de 2010

O amor...



    Um amigo é um tesouro. Quantas vezes ouvimos e sentimos esta verdade?
    A amizade é um bem tão essencial à nossa vida como o ar que respiramos. É condição e fonte de vida nova, que se desenvolve no tempo e se prolonga para além dele.
     Todos aspiramos por amizades profundas, verdadeiras. Nada há mais excelente do que ter um amigo em quem confiar. Só o amor nos pode fazer verdadeiramente felizes. É talvez a única coisa que vale por si mesma.
     A verdadeira amizade é aquela que culmina em amor. Supõe uma entrega em grau particularmente elevado e leva a uma intimidade cada vez mais intensa.
     Atribui-se a Platão a seguinte afirmação: "Só te ama quem ama a tua alma". De facto, tem de ser assim a verdadeira amizade. Esta, não só é pessoalmente desinteressada, como nos leva a preocupar-nos em exclusivo pelo bem da pessoa amada, e encerra, por si mesmo, uma dinâmica de eternidade.
     A amizade cresce no bem que se quer ao outro, no respeito pelas suas diferenças. Supõe um acolhimento integrador das diferenças. Quando conhecidas, respeitadas, proporcionam ao amigo a oportunidade e a alegria de poder crescer e valorizar-se como pessoa. E, nessa pessoa, também eu me torno mais pessoa.
    É preciso deixar ou vender os nossos individualismos e egoísmos. Vale, sem dúvida, a pena!
   Sinto que vivo e conheço a profundidade deste amor, que gera uma confiança sem limites. Mesmo quando se está longe, fisicamente ausente.
   O amor aprende-se por contágio. A criança pequenina que, nos braços da mãe, estende os seus lábios para o seio de que se alimenta: tanto ou mais do que o leite que bebe, o que ela saboreia é o carinho da mãe que a envolve com os seus braços e lhe transmite o calor do seu corpo e da sua alma, o calor do amor. Por isso é que a criança se entrega sempre de novo e cada vez com mais intensidade. E quanto maior for a intensidade do amor que receber, tanto mais intenso será o amor com que se dá.
   Veremos o amor na medida em que nos entregarmos aos outros.


Lu

4 comentários:

Afonso Arribança disse...

Não concordo com umas partes do texto. Não acho as coisas assim tão lineares. O amor pode surgir do ódio, pode surgir de relações menos bem sucedidas, pode surgir da uma atracção e de momentos de loucura, sem que haja essa entrega de que falas... E além disso, a amizade é uma das formas de amor. E nem sempre uma verdadeira amizade vai ter ao amor, depende da forma como vês a outra pessoa, nomeadamente se for um 'melhor amigo' ou 'melhor amiga', sendo que nesses casos por norma é vermos esse amigo ou amiga como irmão/irmã.

Por fim, o amor aprende-se por contágio sim, mas apenas se tivermos aptos a aprender.

Beijinho

Lurdes disse...

Afonso,
a amizade é realmente uma das formas de amor e era isso que pretendia trasmitir ao dizer que a verdadeira amizade é aquela que culmina em amor.
Quando dizes "nem sempre uma verdadeira amizade vai ter ao amor" eu não concordo, eu amo os meus amigos. O que sinto por eles é amor. No entanto entendi o sentido em que falavas.

E sem dúvida que para sermos contagiados pelo amor temos de estar disponíveis para aprender e amar.

Beijinho e grata pela tua intervenção :)

Angel disse...

"E, nessa pessoa, também eu me torno mais pessoa."

Gostei muito do seu texto, em essência você está absolutamente certa. Pessoas compatíveis são raras, e quando as encontramos, convém cultivá-las, quem sabe não nasce uma amizade?

Amigos se respeitam, acima de tudo, se aceitam. E o mais legal é o aprendizado. Amizade é, definitavamente, uma via de mãos dupla.

Muito bom!

Abraços.

Luís Gonçalves Ferreira disse...

É engraçado como as nuances do amor não são entendidas, lato sensu, por toda a gente. Infelizmente, o amor que se aprende, socialmente, é o egoísta que culmina do amor de amante. Já perdemos o sentido do amor colectivo - a caridade. Não conseguimos identificar a amizade como amor e não dizemos amo-te aos nossos amigos e familiares. Enquanto que não se olhar para o amor como um sentimento espartilhado mas com tronco comum - que são os outros e a sua individualidade - andaremos entre os militantes do amor eterno e os desconfiados das suas virtudes.
Eu amo-te, Lurdes. Não como amante, mas como amigo. E é disso que quero que tenhas a certeza. O nosso caso é a prova que a amizade pode valer mais que os vínculos sanguíneos. Se os segundos não nos aproximaram foi a primeira que nos aproximou. É espantoso.

Beijoooo, prima!